segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Voltar ao tempo

 Nunca me senti assim, meu sono vem e quando estou prestes a sonhar, acordo assustada. Eu sinto falta de como as coisas eram antes, sinto falta de passar a tarde toda andando de bicicleta, na rua da minha casa, e só voltar quando escurecia. Sinto falta das tantas vezes que ralhei o joelho e minha mãe insistia em lavá-lo me fazendo chorar. Do gostar de um coleguinha da escola, por que ele era bonitinho. Da hora da Educação Física nos meus 7 anos ( naquele tempo eu adorava, hoje em dia detesto) em que eu nunca soube pular corda, mas me sentia a melhor amiga da minha professora.
Adoraria voltar naquele tempo, sem sofrer ansiedade, só aproveitar o mundo repleto de fantasias das crianças. Quando eu era criança não era como hoje, as crianças não escutavam funk e meus amigos não falavam palavrões.
Se eu voltasse, não reclamaria por demorar tanto para crescer. Voltaria para aqueles dias em que eu brigava com a minha irmã.  As brigas não eram como agora, não eram pronunciadas palavras que machucavam que doíam. Que sem querer escapam do nosso coração. O que me assusta é o fato de esses sentimentos estarem agregados em mim, me sinto como um espinho arranhando quem eu mais amo. E automaticamente sou ferida.
Eu simplesmente não consigo faltar um dia de aula, sem me sentir culpada. Não consigo deixar de fazer um trabalho, minha consciência sempre está lá me atormentando. 
Sim, eu tento ser uma boa filha, mas tiram minha internet por que eu esqueci de arrumar minha cama ou por que estava ajudando meu colega a fazer um trabalho e me atrasei em lavar a louça. Nunca saio de casa, não apronto, mas sou a filha rebelde. Não sou quem eu queria ser.
Não sou a filha que meus pais merecem, não sei se um dia eu serei.
Eu falo tanto que as pessoas não querem mais me ouvir, cansaram de mim. Fico mau por isso, preciso de atenção, nem que seja dez minutos. Eu devo sufocá-las com minhas histórias repetidas, com minha mania de rir de tudo. Eu gosto tanto delas e elas me tratam como segunda opção.
Tenho ciúmes da minha irmãzinha (um pouco mais tenho, isso é absolutamente ridículo, eu admito) sou dez anos mais velha, mas queria receber a atenção que ela recebe, eu sei que eu cresci, mas sou uma criança de 15 anos ciumenta. Estou tão perto das pessoas que amo e ao mesmo tempo tão longe.
Queria ser corajosa, como nos filmes que adoro assistir, mas não dá, para eles é tão fácil...
Eu sonho demais, imagino coisas que nunca acontecerão, tenho um amor totalmente platônico. Espero meu príncipe encantado, espero um final feliz para sempre. Por enquanto nada aconteceu, sei que me iludo, mas não quero admitir. Assim me parece melhor. Sou diferente das pessoas e as pessoas são totalmente diferentes de mim, minha suspeita aumenta a cada dia. É por esses e mais milhões de motivos que me fazem querer voltar a ser criança.

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